sexta-feira, 4 de março de 2011

O suicídio da lágrima..

                       



Não consigo esquecer aquela lágrima enganchada em seu olho. Ela estava encostada ao poste, cabeça reclinada e lágrima enganchada.

Olhava para o chão.

Como se não existisse outra opção. Como se estivesse sobre ele por acaso, por descuido, ou mesmo por castigo.

Fiquei olhando-a tempo suficiente para assistir ao suicídio daquela lágrima. Cansou-se de estar enganchada, saltou do canto do olho e partiu-se em milhares de pedacinhos imperceptíveis.

Morreu pensando ser o motivo da tristeza de quem a trazia enganchada. Morreu triste. Morreu sem saber que era ela quem impedia toda aquela tristeza de transbordar. 

E como não havia mais lágrima alguma enganchada, outras vieram, desordenadas, lançando-se ao desconhecido. 

Morrendo... 

Quase sem ter existido.

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