Não consigo esquecer aquela lágrima enganchada em seu olho. Ela estava encostada ao poste, cabeça reclinada e lágrima enganchada.
Olhava para o chão.
Como se não existisse outra opção. Como se estivesse sobre ele por acaso, por descuido, ou mesmo por castigo.
Fiquei olhando-a tempo suficiente para assistir ao suicídio daquela lágrima. Cansou-se de estar enganchada, saltou do canto do olho e partiu-se em milhares de pedacinhos imperceptíveis.
Morreu pensando ser o motivo da tristeza de quem a trazia enganchada. Morreu triste. Morreu sem saber que era ela quem impedia toda aquela tristeza de transbordar.
E como não havia mais lágrima alguma enganchada, outras vieram, desordenadas, lançando-se ao desconhecido.
Morrendo...
Quase sem ter existido.
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