Rastafarismo&Reggae

Rastafarismo


O Rastafarianismo nasceu nos anos 30, na Jamaica. As suas raízes são o pensamento de Marcus Garvey e as palavras de Haile Selassie I. Segundo consta, num domingo em 26, Garvey, durante a missa terá dito: "Olhem para o Leste, para a Àfrica, onde um negro será coroado Rei." E assim foi, a 2 de Novembro de 1930, Ras Tafari Makonnen, foi coroado Rei, alegando descendência do Rei Salomão de Jerusálem e da Rainha Makeda de heba. Adoptou o nome de Haile Selassie I ("o poder da divina trindade") e foi designado 225º Imperador da dinastia Salomonica, Eleito de Deus, Rei dos Reis, Senhores dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Juda.

Na Jamaica, os escravos negros assistiam à realização da profecia bíblica e o regresso de Deus à Terra, como homem vivo. Era o iníco da redenção e da libertação.

A Fé Rastafariana pode ser interpretada de várias formas e quase todos os Rastas têm as suas próprias ideias pessoais acerca das coisas. RasTafari é uma forma de vida (e não uma religião), com muitas ligações à fé judaica e cristã. Os Rastas acreditam que Jah (Deus) se mostra sob forma humana de tempos a tempos. Marcus Garvey, na década de 1920, profetizou que Jah apareceria como um Rei negro de Àfrica. Este rei, segundo os Rastas é Sua Majestade Imperial, o Imperador Haile Selassie I, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

Os Rastafarianos levantam a voz contra a opressão, pobreza e desigualdade... não apenas ideias religiosas mas problemas globais.

O movimento, já espalhado pelo mundo, é considerado um movimento apocalítico, que acredita que o Novo Reino está prestes a chegar. Este Reino trará a redenção da humanidade e de África, Sião (a terra sagrada). O redentor e pai é Haile Selassie I.

Os Rastas libertaram a Bíblia, tornando-a numa realidade viva para os povos do mundo, com a sua interpretação dela. O caminho e a missão Rasta não pode parar nem ser sabotado. Como diz na Bíblia, eles foram e serão odiados pelos homens, acusados falsamente, objetos de escândalos e perseguidos por serem Rastafari, mas o seu destino é ser a pedra angular, as fundações.


9 Princípios


1.Temos fortes objeções em relação a alterações agudas da figura do ser humano, corte e escovamento (do cabelo), tatuagem na pele, cortes da carne.


2.Somos basicamente vegetarianos, dando uso escasso a certas peles animais, ainda assim proibindo o uso de carnes suínas de qualquer forma, peixes de concha, peixes sem escamas, caracois, etc.


3.Adoramos e aceitamos mais nenhum Deus além de Rastafari, proibindo todas as outras formas de adoração pagã, apesar de as respeitarmos.


4.Amamos e respeitamos a irmandande da humanidade.


5.Desaprovamos e abolimos completamente o ódio, ciúmes, inveja, engano, fraude e traição, etc...


6.Não aprovamos os prazeres da sociedade moderna e os seus males correntes.


7.Temos a obrigação de criar uma nova ordem mundial de uma irmandade.


8.O nosso dever é expandir a mão da caridade a qualquer irmão/irmã que esteja em dificuldade, primeiramente aos que sejam Rastafarianos e só depois a qualquer humano, animal, planta, etc...


9.Somos aderentes das antigas leis da Etiópia


A religião que prega a maconha como a erva da sabedoria

Uma das principais diretirzes da personalidade de Marley, a religião rastafari tem como um de seus pais Marcus Garvey, um militante dos direitos dos negros, nascido em 1887, na Jamaica. Garvey defendia a volta dos negros à África e liderou diversos movimentos políticos tanto na Jamaica quanto nos Estados Unidos ao longo de sua vida. Apesar de ser considerado um dos pais do rastafarismo e pregar o retorno à África, sua luta era política e não religiosa.

De qualquer forma, os rastas se apropriaram da ideologia de Garvey e, juntando esta à profecias e ensinamentos, os principais retirados da Piby Sagrada (a "Bíblia do Homem Negro"), construíram sua religião.

O nome vêm do imperador da Etiópia Ras Tafari Makonen, que após sua coroação passou a se chamar Hailé Selassié I. Os rastas acreditaram que Hailé fosse o redentor, escolhido de Jah (Deus), 225º descendente direto do Rei Salomão, que vinha libertar a raça negra do domínio branco. Sua coroação em 1930 foi comemorada por toda a ilha. Alguns chegavam a considerá-lo como um deus na terra.

Os adeptos tinham o êxodo (cantado por Marley em Exodus) para a Etiópia como sua principal meta. A Jamaica e os demais lugares não sagrados do mundo para eles são a Babilônia, um lugar de sofrimento espiritual e pecado, de onde os bons escaparão.

Uma série de princípios foi formulada por seguidores do rastafarismo. Recomenda-se a não ingestão de álcool, tabaco, todas as carnes (principalmente a de porco), moluscos, peixes sem escamas, espécies marinhas predatórias ou necrófagas e uma série de temperos, incluindo o sal, já que todas essas substâncias não eram consideradas "ital", palavra rasta para puro. Eles também não devem cortar o cabelo nem penteá-lo, daí os dreadlocks (as enormes tranças emaranhadas).

A "ganja" (maconha) é considerada como a "erva da sabedoria" e seu consumo, incentivado como parte das práticas religiosas de meditação. Para tentar provar a importância religiosa da erva, os rastafaris citam o salmo 104:14 ("Ele fez a grama crescer para o gado e a para o uso do homem, para que ele possa retirar a comida da terra") e afirmam que a ganja foi encontranda crescendo junto ao túmulo do Rei David.

O consumo da folha era um dos principais motivos de conflitos entre os policiais e os rastas na jamaica, onde o consumo não é legalizado. Bob foi detido várias vezes por posse e fez algumas músicas sobre o tema como "Kaya", em homenagem à erva, e "Legalize-it", pedindo sua liberação.

As cores rastafari são o vermelho, o amarelo e o verde. O vermelho simboliza o sangue derramado desde os dias de escrevidão; o amarelo, as riquezas roubadas, e o verde, a África, que aguarda o retorno de seus filhos. O principal símbolo do rastafarismo é o Leão de Judah.

Ital

Comida Ital (comida vital e total) é o alimento Rastafariano e é o que Jah ordenou que fosse. "Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação." , "Melhor é a comida de ervas, onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio." É comida que nunca tocou em químicos e é natural e não vem em latas.

Quanto menos cozinhados, melhor, sem sais, preservativos ou condimentos,pois assim possui maior quantidade de vitaminas, proteínas e força vital. Os Rastas são, portanto, vegetarianos. As bebidas são, preferentemente, herbais, como os chás. O licor, leite ou café são vistos como pouco saudáveis.


Ganja

Ganja, marijuana, cannabis é uma erva medicinal milenar usada pelos Rastas, não para diversão ou prazer, mas sim para limpeza e purificação em rituais controlados. Alguns Rastas escolhem não a usar. Muitos sustentam o seu uso através de Génesis 1:29: "E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento."


Dreadlocks

O aspecto mais saliente de um/a Rasta são os dreadlocks, canudos fortes,que não são escovados ou penteados, mas cuidadosamente mantidos e lavados por quem os usa. São o símbolo da união com Jah e do empenho numa vida justa e natural. "Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba.

O Leão de Judá representa Haile Selassie I, o Conquistador. Representa o Rei dos Reis pois o leão é o rei de todos os animais.

Selassie I, na sua visita à Jamaica, em 21 de Abril de 1966, disse que o movimento Rasta não devia procurar a repatriação para Etiópia sem primerio libertar o povo da Jamaica. Etiópia é vista como o Monte Sião, terra sagrada, onde o Novo Mundo terá início. Esta revelação antecipou novas formas de Rastafarianismo. O objectivo era agora não só a salvação, mas também a ajuda à salvação dos outros.

Fonte: Casa Rastafari de Enoque - adaptado por Thiago Pavão - todos os créditos a Casa Rastafari de Enoque.

A morte do imperador da Etiópia, Hailé Selassié I (foto ao lado), em 27 de agosto de 1975, parecia ser o golpe fatal no movimento rastafari. Para os rastas, ele era a encarnação de Deus, ou Jah (1) , e deveria conduzir os negros do mundo inteiro `a redenção e `a vitória na luta contra a Babilônia(2). No entanto, poucos meses depois, estourava nas paradas jamaicanas a canção de Bob Marley que dá nome a esta página, contragolpeando com estes versos:"Os imbecis dizem no seu coração / Rasta, o teu Deus está morto / Mas nós sabemos / Os dreads (3) serão dreads hoje e sempre / Jah está vivo". A profecia de Bob Marley estava certa.

De lá para cá, os veneráveis mestres do reggae nunca deixaram de disparar os seus petardos sonoros contra as injustiças do Sistema Babilônico. Depois de um certo recuo do reggae de inspiração rasta nos anos 80, as vibrações de Jah estão voltando a ganhar força no reggae das novas gerações. Os rastafaris mantêm viva a sua fé e continuam sua batalha incansável em defesa da justiça social e da igualdade de direitos, não só na música, mas também em outros campos. Espalhados por vários lugares do mundo (Jamaica, EUA, Inglaterra , África, Japão, Nova Zelândia, Austrália etc.), os rastas organizam eventos internacionais, ligam-se na Internet (para conferir é só pesquisar a palavra "rastafari") e mantêm uma intensa atividade editorial, com a publicação de revistas, jornais, panfletos e livros de circulação mundial. Vale a pena dar um passeio pela história e pelas idéias do movimento rastafari.


Origens


O Rastafarianismo não surgiu na Jamaica por acaso. Uma longa história de resistência e rebeldia preparou o seu caminho. Uma história que começa com o episódio da revolta dos Maroons (uma quilombo bem sucedido, formado por escravos fugitivos que resistiram por mais de 80 anos ao exército inglês e se tornaram independentes do governo colonial) e que avança até o fenômeno Rude Boy (jovens rebeldes e violentos que habitavam os bairros de lata de Kingston nos anos 60), passando por diversas rebeliões de escravos e ex-escravos. As duas maiores aconteceram no século passado, lideradas por Sam Sharpe e Paul Bogle, dois lendários pastores da "Native Baptist Church", uma igreja protestante jamaicana que teve um importante papel como veículo de expressão para o sentimento de revolta dos negros. Um dos capítulos decisivos dessa história é a trajetória de Marcus Garvey, um jamaicano descendente dos Maroons, que se tornou famoso como líder do movimento negro nos EUA e na J amaica do início do século. Entre outras realizações, ele criou a "Universal Negro Improvement Association" (UNIA), o jornal "Negro World", a companhia de navegação "Black Star Line" ( que tinha como objetivo não declarado viabilizar o retorno dos negros das Américas para o continente africano), e exerceu uma importante influência nos movimentos, que, mais tarde, libertaram a Africa do domínio colonial europeu. As idéias de Marcus Garvey encontraram eco entre os líderes religiosos da Jamaica e ele ganhou fama de profeta. Sua pregação combinou-se a uma interpretação livre da Bíblia, especialmente do Velho Testamento. Garvey e seus seguidores identificavam-se com a história das tribos perdidas de Israel, vendidas aos senhores de escravos da Babilônia. Essa metáfora inicial gerou uma série de imagens simbólicas que se tornaram constantes na tradição oral dos rastas: "Babilônia", "Zion (4)", etc.


Surge Jah

Numa das profecias atribuídas a Marcus Garvey, previa-se que um Rei Negro seria coroado na África e que esse rei seria o líder que conduziria os negros do mundo inteiro `a redenção. Quando, em 1930, Ras (5) Tafari Makonnen foi proclamado rei da Etiópia, adotando o pomposo título de "Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Sua Majestade Imperial, Leão Conquistador da Tribo de Judá, Eleito de Deus", os líderes religiosos e seguidores de Garvey na Jamaica reconheceram nele o Rei Negro de que o profeta havia falado. Ras Tafari, que adotou o nome de Haile Selassie I (visto na foto acima com 6 anos e ao lado com seu filho), proclamava-se legítimo herdeiro da antiga linhagem do Rei Salomão (que teve um filho com a rainha do reino etíope de Sabá) e seria o messias que libertaria os negros do mundo inteiro e os levaria de volta `a terra de seus pais. Mais do que isso, ele passou a ser considerado por esses pregadores a própria encarnação de Deus, que, segundo sua interpret ação da Bíblia, haveria de ser negro. Um trecho do Apocalipse de São João foi invocado como confirmação do destino do novo Rei da Etiópia: "Não chores! Eis aqui o Leão da Tribo de Judá, a raiz de David, que pela sua vitória alcançou o poder de abrir o livro e desatar os seus sete selos" (5:5). Desde então, esses pregadores adotaram o nome de rastafari. Passaram a dirigir a Hailé Selassié suas preces e a depositar nele suas esperanças de libertação. Não apenas a vida de Selassié, mas toda a história e a cultura da Etiópia tornaram-se, a partir daí, uma constante fonte de inspiração para os rastas. Para eles, é particularmente importante o fato da Etiópia ser a única terra africana que se manteve livre do jugo europeu, mesmo durante o apogeu do colonialismo (no dia 1ª de março foi comemorado o centenário da batalha de Adua, em que o exército etíope do imperador Menelik II rechaçou uma tentativa de invasão italiana). No entanto, de 1935 a 1941, o país foi ocupado pelo exército fascista de Mussolini. Os soldados de Selassié expulsaram-no de seu território com a ajuda dos ingleses, em um episódio cheio de significados que valeu ao imperador a fama de "Conquistador do Fascismo", "Pacificador de Nações" e "Defensor da Moralidade Internacional". Mais tarde enfrentou uma tentativa de golpe mal sucedida que teve início quando ele estava em visita oficial ao Brasil .

Desde o seu surgimento, na década de trinta, o movimento rastafari cresceu lentamente. Um dos marcos mais importantes dessa evolução foi a queda da Pinnacle, uma comunidade rasta fundada nos anos quarenta pelo pregador Leonard Howell. Em 1954 uma batida policial destruiu a comunidade e os seguidores de Howell dispersaram-se pela ilha. Muitos foram para os bairros de lata de Kingston, onde começaram a divulgar suas idéias. Foi sobretudo a partir da década de sessenta que o movimento ganhou maiores proporções. Um crescimento que, em grande parte, deve-se ao reggae. Através de seus artistas, que se tornaram também os grandes pregadores das idéias do rastafarianismo, a religião conquistou seu lugar na cultura da Jamaica, onde, apesar do preconceito que ainda enfrentam, os rastas e seus dreadlocks (6) se tornaram uma marca registrada.


Hoje

Quando Hailé Selassié morreu, o reggae já havia espalhado as sementes do rastafarianismo pelos quatros cantos do planeta. Não era mais possível deter sua mensagem, que, embalada pela música poderosa de Bob Marley, tinha ganhado força. Talvez porque as idéias, crenças e atitudes dos rastas conseguem exprimir uma série de sentimentos e desejos comuns `as comunidades negro-americanas e a todos os explorados pelo implacável sistema imposto pelo primeiro mundo. A narrativa bíblica da procura pela terra prometida dá aos negros das Américas uma forma alternativa de conhecimento de sua história. Uma interpretação própria de seu destino que aponta as verdadeiras causas das adversidades (o colonialismo, a escravidão etc) e um caminho para a redenção, o repatriamento para o continente africano. Este projeto não é apenas uma utopia política. Através dele os rastas manifestam de forma simbólica o sentimento de que a comunidade negro-americana não está integrada no ambient e em que vive. Manifestam também o desejo de construir uma sociedade justa (não necessariamente na Africa), onde o negro e sua herança cultural encontrem um lugar digno. Nesse contexto, o lugar ocupado por Hailé Selassié é fundamental. A idéia de um rei negro para o povo negro encarna um desejo legítimo de autodeterminação. A história da sua dinastia funciona como lembrança de um passado de glórias que se oferece como alternativa `as adversidades do presente. A figura de Hailé Selassié estabelece uma ligação direta com esse passado. O mesmo acontece com a Etiópia. A resistência ao colonialismo europeu e sua milenar riqueza cultural fazem com que essa nação seja importante referência para a recuperação das raízes do homem negro. Enfim, através do mundo simbólico do rastafarianismo o homem negro (e não apenas ele, mas todos aqueles que de alguma forma identificam-se com a sua causa), pode ter uma imagem positiva de si mesmo. Uma imagem baseada na valorização de suas raízes, na consciência de sua história e na determinação de tornar-se agente de seu próprio destino. Essa talvez seja a grande força que mantém viva a chama Rastafari. Jah Live!


Notas:

(1) Jah: Abreviação do nome bíblico "Jeovah", usada para designar Deus ou sua encarnação terrena, segundo os rastas, o Imperador Hailé Selassié I.

(2) Babilônia: Lugar imaginário que representa o sistema social construído com a escravização dos negros.

(3) Dread: Rebelde,

" O mundo seria perfeito se todo rio quebrasse onde todo dia fosse Sol, toda música fosse Reggae e todas as pessoas fossem unidas. " Bob Marley








A primeira vez que os compradores de discos jamaicanos afirmam ter visto a palavra "Reggae" foi num single chamado " Do the Reggay " , de 1968 , do grupo Toots and the Maytals. Alguns acreditam que o termo seja derivado de Regga , o nome de uma tribo Bantu do Lago Tanganyika. Outros dizem que o termo é uma derivação de "streggae" , uma expressão das ruas de Kingston para designar "prostituta". Bob Marley afirmava que a palavra era espanhola em sua origem , significando "a música dos reis". Os veteranos músicos de estúdio Jamaicanos oferecem a mais simples , e talvez a mais plausível das explicações. "É uma descrição do ritmo em si mesmo" , disse Hux Brown , guitarrista principal no hit com sabor de Reggae " Mother and Child Reunion "(Paul Simon) , e o homem que criou a batida que alavancou o hit de Simon assim como muitos dos top hits da Jamaica nos anos subseqüentes. "É apenas uma divertida,engraçada palavra que significa o ritmo do reggae em si mesmo e o se ntimento interno do corpo.Se ela tem um significado maior , não importa." , disse Brown. Fusão Punk/Reggae - Rastas e Punks na Londres dos anos 70 Na primeira semana de 1977, Bob Marley and The Wailers voaram para Londres , fixando residência numa casa alugada para eles no nº 42 da Oakley Street. Essa era uma época em que explodia em Londres o movimento Punk , presente em toda a cidade. Porém , primeiramente , Marley resistiu fortemente às influências do movimento punk ,pois para ele não passava simplesmente de outra manifestação da Babilônia. Quando esteve em Londres com Lee Perry,Marley mudou sua mente.Ouvindo o The Clash pela primeira vez , ele percebeu a importância do movimento Punk. Ele admirou a coragem e a raiva deles contra a estratificação social inglesa e a opressão econômica baseada em classes sociais. Ele também admirou a ajuda que o The Clash e outros roqueiros punks estavam dando para os índios do Leste e do Oeste,que estavam sendo caçados nas ruas por discípu los da Frente Nacional Neo-Fascista. Com produção de Lee Perry , e com o Aswad como músicos de fundo , Bob gravou "Punk Reggae Party", tornando-se a celebração definitiva da fusão punk-reggae , que tomou forma em 1977. 



Reggae e Religião 


Dados atuais mostram a aversão do povo jamaicano em relação a religião Rastafari: Há umas 3 décadas atrás 80% da população da ilha eram rastas, hoje esse valor está resumido a uns míseros 20% ... Por quê? A ingenuidade do povo está diminuindo, essa é a resposta. Em épocas remotas "indivíduos da igreja católica" vendiam aos crédulos "terrenos no céu"(um simples exemplo entre outros), com direito a uma bela vista e um lindo jardim. Hoje em dia isso é motivo para risos, mas o que me pode garantir que a situação atual em que vivemos não será também para civilizações futuras? Os rituais, as tradições e os costumes fazem com que as coisas se tornem automáticas, mecânicas, algo sem sentido...Se você me pergunta: Quem é Deus? Eu diria: É um espírito perfeitíssimo, eterno e soberano criador do céu e da terra. E você se admiraria: ÓÓÓÓÓÓÓ!!! Pois é, Deus é isso pra mim, quer dizer, eu acho, foi o que me colocaram na cabeça...eu só tinha 8 anos e nem sabia o que signifi cava a palavra soberano!!! Pergunto: Eu sei quem é Deus? Eu senti Deus ao "decorar" essas palavras? Em analogia eu vos pergunto: Poderá um homem que nunca amou, em decorrência dessa sua carência inundar-se em livros, enciclopédias, tratados, tudo relacionado ao amor, e assim saber o que é amar? Não, não. É preciso vivenciar, sentir... Isso é o que ocorre hoje em dia: as pessoas nos implantam coisas que acham serem a verdade sem nos dar a chance de pensar ou questionar. A verdade é que a verdade não muda, ela ultrapassa as eras sem um único grão de impureza, sublime. Uma curta: "No período da colonização a igreja católica considerava o negro uma sub-raça..." Eles são do tipo faça o que eu digo mas não faça o que eu faço. Está nas escrituras: "não julgueis para não seres julgado", Mateus 7,1-10. Legal! O negro hoje em dia é igual a todos nós! Como Deus é bonzinho em "elevar" o negro a igualdade! Pergunto-lhes: Será que já não era? ... 

Para se chegar ao criador não existe receita. Se existisse, do jeito que o mundo está hoje, haveria muita gente vendendo-a. É o que fazem as religiões hoje em dia. Pensam que com uns meros gritos de aleluia e certos rituais alcançarão o reino dos céus. Tenho pena desses seguidores, mais ainda de seus líderes e idealizadores (padres, pastores e simpatizantes), os chamados sacerdotes dos valores, devotos do dinheiro (veja "Oh JAH, oh JAH - Tribo de JAH ; sessão letras de músicas). Não sabem que antes de curar alguém, esta pessoa tem que curar-se. Afirmo que não estou generalizando. Não são todos doentes, existem pessoas que merecem ser tirados os "dreadlocks"(tranças rastas), mas chamaria isso de exceção... O que devo fazer para chegar ao transcendental então? Não sei dizer, pois também sou um doente. Mas por vivência e por opinião própria digo que você não precisa ir longe. Como Deus é onipresente, qual o lugar mais próximo de você ele pode estar? Dentro de vo cê... Hoje em dia as pessoas para crerem precisam de coisas concretas, algo que possa ser provado através de fatos empíricos(conhecimento adquirido através dos 5 sentidos). Procuram nos lugares mais inóspitos. Isso porque as convém. Se você perguntar a uma criança qual fruta ela gosta mais entre maçã, morango ou goiaba ela responderá goiaba. Por quê? Por comodidade. Pela preguiça de analisar as possibilidades somos quase sempre atraídos pelo mais fácil, o que exige menos esforço, o menos trabalhoso, o mais versátil. As vezes a verdade pode estar em um leque de opções, outras nem faça parte desse ou outro conjunto universo, ou seja, seria um conjunto vazio(em analogia matemática). Assim também são os adultos ou mais conscientes (se é que posso chamar assim) em certos aspectos. Vão a uma igreja X porque rola umas gatinhas, freqüentam um culto Y porque na hora das músicas evangélicas colocam umas estilo rock, seguem uma religião Z porque a pastoral só cobra 1% de dízimo... a ve rdade é que estas pessoas que procuram essas "qualidades igregíferas" estão fazendo nada mais que adaptando a igreja ao seu mundo. Estão muito apegadas as coisas mundanas, juntando assim o útil ao agradável. Mas agradável a quem? A você é lógico. O correto não seria agradar a Deus? 


Bob Marley continua nutrindo a música 


MADRI (DPA).- Poucos artistas influíram tanto na música atual como Bob Marley, o carismático jamaicano, artífice da difusão no mundo inteiro de um ritmo diferente ao já conhecido até esse momento: o reggae. 

Aquele ritmo sincopado de melodias sensuais e cadenciado, surgido nos anos 60 e 70, teve sua origem em antigas danças jamaicanas, sobretudo no ska, misturadas com música pop norte-americana negra, fundamentalmente o rhythm & blues e o soul. 

O ritmo ska foi se tornando cada vez mais lento, e os tempos fracos cada vez mais marcados, até que a potente presença do baixo converteu-se no sinal de identidade inconfundível do gênero que nascia. 

Contudo, aquele novo som, surgido numa ilha que fora centro do tráfico de escravos para a América do Sul no século 18, podia ter passado despercebido sem Marley. 

Robert Nesta Marley, de mãe jamaicana e pai inglês, criado no Trench Town, um subúrbio marginal de Kingston, foi quem imprimiu ao reggae sua mensagem de pacifismo e de igualdade social, e virou ao mesmo tempo sua figura emblemática. 

Marley começou a tocar nos anos 60 com Bunny Livingston (Bunny Wailer) e Peter McIntosh (Peter Tosh) com os quais formaria, posteriormente, a agrupação The Wailers. 

Em 1975, integrou as listas de super-topes dos EUA e da Europa, até se converter em lenda, para o qual contribuiu o fato de ele morrer jovem, em 11 de maio de 1981, aos 36 anos, vítima de um câncer. 

Com suas composições, Marley denunciava a pobreza, a injustiça, a violência, a discriminação, às quais opunha o pacifismo e a não-violência. «Livrem-se da escravidão mental, ninguém mais do que nós pode livrar nossas mentes», salienta numa de suas frases mais conhecidas. 

Não há tema atual que não tocasse em suas canções: a proliferação nuclear, as crises financeiras, a ecologia, a fome, o lugar do homem dentro do mundo dominado pela tecnologia. 

Marley converteu-se para o rastafarismo em 1966 e, a partir daí, viveu de acordo com seus princípios, tornando o reggae a música de Jah, o deus Rasta, seguindo um estrito regime de comida e fumando maconha. O rastafarismo era uma religião nova, surgida da intensa espiritualidade da Jamaica e confluência de cultos africanos, índios e protestantes. 

O culto rastafari adorava a Etiópia como a terra prometida, à qual um dia todos os negros voltariam para viverem em liberdade, e rejeitava os valores decadentes do Ocidente (Babilônia). 

A nova religião incutiu na população negra da Jamaica uma nova consciência de si própria e derivou num movimento político, do qual Marley foi porta-voz. «Meu objetivo é contribuir com algo novo para a gente. O resto não importa. Se o consigo é porque estou lutanto pela verdade». 

A partir de Marley, o reggae difundiu-se entre os jamaicanos da Grã-Bretanha, e nos fins da década de 70, a estrutura básica do reggae foi adotada pelo movimento new wave, marcando a maneira de tocar de muitos conjuntos como o The Police e o The Clash. 

A influência da música jamaicana não se cingiu a uma questão rítmica nem melódica, mas antecipou a música de hoje pelo extravagante método de gravação conhecido como «dub» que implicava o uso da consola como instrumento na mixagem de uma peça. São inimagináveis o hip hop, o trip hop, o rap, o drum'n bass ou o tecno sem essa técnica. 

Para além disso, vinte anos depois de sua morte, a estética das rastas («dreadlocks») e as cores vermelha, amarela e verde continuam vivas, ao passo que canções como «Getup, stand up» e «Redemption song», entre outras, conservam a categoria de hinos geração após geração.